Vacina de DNA no tratamento de doenças
Uma vacina de DNA abre as portas para o tratamento de doenças autoimunes e processos inflamatórios graves. O tratamento gênico está em desenvolvimento na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP."A vacina teve resultados muito promissores em camundongos com sepse [infecção geral grave causada geralmente por bactérias]", explica Arlete Aparecida Martins Coelho-Castelo, professora da FMRP e responsável pelo Laboratório de Imunoterapia Gênica da Faculdade. A vacina foi patenteada pelo Laboratório.
Vacina múltipla
Inicialmente, a vacina foi desenvolvida para ser usada contra a tuberculose por Celio Lopes Silva, professor de Imunologia da FMRP. Posteriormente, o estudo se expandiu para outras doenças."O diferencial dessa vacina gênica é que ela não tem apenas um efeito profilático [de prevenção da doença], mas também trata quem já estiver portando a doença", explica a professora.
Vacina de DNA
Para desenvolver a vacina de DNA, os pesquisadores da USP inseriram o gene da bactéria num plasmídeo, que é uma molécula circular de DNA. A partir disso, os pesquisadores testaram a vacina em camundongos.
A surpresa aconteceu quando "ao usar doses baixas da vacina nos animais, percebemos que tinha o efeito contrário do esperado, ela desativava o sistema imune, ao invés de ativá-lo. Nós ainda não sabemos porque isso acontece", conta Arlete. Ainda não há respostas, mas a pesquisadora considera que "o fenômeno está diretamente relacionado com a estrutura da molécula de DNA".Os pesquisadores passaram, então, a pensar que a vacina poderia ter algum efeito também em doenças autoimunes, em que o sistema imune ataca as próprias células do organismo.Já há estudos com outras doenças em desenvolvimento no Laboratório, como a artrite, que atinge as "juntas" do corpo; ou como a diabetes autoimune, conhecida como tipo 1, em que as células que produzem insulina são destruídas e o corpo passa a ter dificuldade em produzir glicose.
Efeito anti-inflamatório
A vacina também possui um efeito anti-inflamatório. "Ela retarda a inflamação dando chance de tratá-la antes de ser fatal", explica a professora. A vacina já foi aplicada em camundongos com sepse e apresentou bons resultados.Além disso, esse efeito anti-inflamatório está sendo estudado na distrofia muscular de Duchenne. Apesar de ser uma doença hereditária que causa a degeneração dos músculos, também tem o efeito de inflamar as células e isso talvez possa ser evitado, ou retardado pela vacina. "A criança com Duchenne nessa perspectiva de tratamento poderia ter uma vida mais longa", diz Arlete.A vacina pode, ainda, ser estudada em outras doenças. "No futuro penso que vamos associar o tratamento gênico com remédio comum", avalia a pesquisadora.
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br. Data 15/10/09
Postado por Ana Paula Buratto
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