sexta-feira, 16 de outubro de 2009

TRANSGENICOS: MILHO-Bt E O MANEJO DE PRAGAS

Possivelmente, a tecnologia Bt, hoje disponível, pode resolver os problemas relativos aos insetos pragas da ordem Lepidoptera e das larvas-de-diabrótica. Pelo menos três outros problemas críticos (corós, percevejo barriga-verde e cigarrinhas) poderão ser amenizados pela redução da aplicação de defensivos agrícolas e aumento da população de inimigos naturais nas lavouras com milho-Bt. Para as pragas-alvo do milho-Bt, o monitoramento continuaria sendo necessário dentro de um programa de manejo da resistência.
O que se preconiza para o manejo da resistência dos insetos às toxinas do Bt tem por base o uso de alta dose da toxina e a área de refúgio, recomendando-se ainda o monitoramento e o manejo integrado (Ilsi, 1998). As análises de risco são necessárias para que se saiba “a priori” os riscos envolvidos, o que se pode ou não fazer e o que se espera. Juntamente com essas análises de risco, precisam ser desenvolvidas pesquisas básicas para que cada vez mais essa análise de risco se aproxime da realidade. Esses estudos envolvem o conhecimento da linha básica de suscetibilidade da população-alvo e dos mecanismos de resistência, ou seja, como as toxinas agem. A determinação da freqüência de gene de resistência na população natural constitui uma das informações essenciais para a avaliação dos riscos. Para que essas determinações sejam confiáveis, há necessidade de metodologias bem definidas e padronizadas a fim de permitir comparações de trabalhos provenientes de diferentes regiões. São necessários, também, mais estudos sobre a bioecologia das espécies-alvo e os impactos sobre os organismos não-alvo.
Há, também, a necessidade de uma revisão dos conceitos de alta dose, área de refúgio e dos modelos utilizados. Será que os níveis de toxinas, hoje considerados alta dose, são satisfatórios ou será necessário aumentar ou diminuir essas doses expressas nos tecidos das plantas transgênicas? Qual é o custo metabólico dessas toxinas para as plantas? Será que os desenhos das áreas de refúgio, hoje recomendados, são os mais eficientes? É possível que a proporção e o desenho da área de refúgio dependam tanto das espécies-alvo como das culturas em questão.
Para o manejo da resistência, deve-se utilizar, além das estratégias de alta dose e áreas de refúgio, todas aquelas disponíveis, incluindo a associação da resistência através da transgenia com a resistência natural. As ações de manejo devem ter uma perspectiva estratégica com uma visão holística do agroecossistema. É possível que em breve haja condições de manipular os genes dentro do agroecossistema, de modo que se obtenha resultados muito específicos e com muito pouco impacto no ambiente. Hoje, deve-se observar o ecossistema como uma unidade, operando uma teia de interações, onde qualquer mudança pode ter conseqüências distantes. Portanto, cada agroecossistema deverá ser analisado como um “pool gênico” e com uma variabilidade do tamanho da sua biodiversidade. O manejo dos agentes bióticos dentro desse sistema seria, na verdade, uma combinação de estratégias em que todos os fatores favoráveis devem ser utilizados para se convergir ao Manejo Ecológico de Praga.

FONTE: www.infobibos.com/Artigos/2007_1/.../index.htm
LUIZ CARLOS DE SOUZA.

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